A escolha de carreiras, como as de turismo e hotelaria deve levar em conta algumas características específicas, tanto das instituições de ensino superior, como dos corpos discente e docente.
Nosso grande desafio é preparar uma mão de obra, que deverá entender muito bem a diversidade e a pluralidade da sociedade, tão bem descrita no código de ética mundial do turismo da OMT. Precisamos que tais jovens entendam que o mundo globalizado é aquele que convive com opções políticas, religiosas e sexuais distintas, de forma harmônica.
Gostaria de iniciar minhas considerações, pela importância que deve ser dada ao professor, não só na escolha do mesmo, mas, sobretudo no respeito que tal profissional merece e que parece esquecido. Para que tenhamos um aluno, plural, nasce a necessidade de um professor antenado com as mudanças do mundo e, sobretudo de nossa atividade, mas que perceba que a interação dos conhecimentos é a palavra chave no momento da concepção dos projetos pedagógicos.
Eles devem ser norteados por uma forte vontade de adequar o aluno a uma atividade, que muda diariamente, mas tem que estar embasada num grupo de disciplinas como história, geografia, legislação aplicada, psicologia, para que as componentes curriculares de cunho mercadológico possam ser mais bem percebidas e sobretudo criar no aluno, uma vontade de mudança e de inovação, capazes de revolucionar um mercado, que infelizmente sofre poucas mudanças conceituais.
O professor ainda é a figura chave para que tais impactos aconteçam e não é somente a sua titulação, que vai mostrar competência e a arte de ensinar. Não capacitamos apenas para o mercado mas desenvolvemos um individuo capaz de se tornar agente da pluralidade, anteriormente mencionada.
Por outro lado, a proliferação de cursos de turismo e hotelaria no Brasil é uma realidade. O número é tão grande e infelizmente nem sempre traduz a qualidade almejada. Não se pode conceber uma faculdade que não tenha laboratórios práticos de hotelaria, agenciamento, eventos, incubadoras e, sobretudo que dedique parte do seu tempo a fazer pesquisas, que levam o mercado a entender melhor o valor econômico da atividade e não apenas o aspecto glamouroso, que é mormente veiculado nos anúncios de comercialização de produtos. As IES (Instituições de Ensino Superior) precisam criar tais espaços como forma de integração com o trade turístico, mas sobretudo para que os alunos busquem novas opções de venda.
O aluno que escolhe tais carreiras precisa estar preparado para um mundo que trabalha vinte e quatro horas, nos feriados e saber que vai abrir mão de uma série de benesses que a vida normal proporciona. O maior enriquecimento para sua vida, serão as viagens, sobretudo a culturas totalmente diferentes da sua, para que compreenda que o mundo está além das fronteiras convencionais, criadas politicamente e no campo dos tratados econômicos.
Os idiomas são vitais mas deverá procurar fora da faculdade, o aprimoramento dos mesmos. Cabe muito mais a uma instituição de ensino, buscar convênios internacionais, que possibilitem cursar disciplinas no exterior, trabalhar em alguns períodos ou simplesmente fazer um intercâmbio.
Aos órgãos governamentais, cabem as diretrizes e um controle, através de métodos efetivos e não de provas que promovam o governo e que não medem realmente os conhecimentos previstos em suas normativas.
Texto de Bayard Do Coutto Boiteux, Professor da graduação e pós em Turismo da Ucam, presidente do site Consultoria em Turismo e gerente de Turismo do Preservale.(www.bayardboiteux.com.br)